Apostila - Oficina de Culinária Afro Brasileira e Quilombola
Oficina de Culinária Afro
Brasileira e Quilombola
Fabiano Seixas, Chefe de Cozinha
Helvio Cordeiro, Escritor, Historiador e Pesquisador
Tamires Freitas, Estudante de Gastronomia
Helvio Cordeiro, Escritor, Historiador e Pesquisador
Tamires Freitas, Estudante de Gastronomia
A formação
da culinária brasileira
A Culinária africana ou cozinha
dos negros se formou no Nordeste Brasileiro, mas teve origem no Recôncavo Baiano. Foi o Azeite de dendê que definiu
economicamente, a participação africana no sistema alimentar brasileiro. Podemos
então falar em “comida de azeite”, ou “cozinha de azeite”, ou “de dendê”.
E entender perfeitamente que nos referimos a toda uma serie de comidas,
de uma segura origem africana, pelo elemento tipificador, identificador de suas
origens.
Certo não será apenas o dendê que define a comida afro-brasileira.
Não apenas um ingrediente básico identifica a origem de uma comida num
país pluriétnico como o Brasil, mas também as técnicas de preparo, as
situações sociais, portanto, culturais, em que a comida é servida, a freqüência
e outras circunstâncias indicadoras de sua proveniência.
A participação da cozinha ou das cozinhas africanas
no processo do sistema alimentar brasileiro apresenta um aspecto
particular, vem se fixando na dieta do povo desde o século XVIII.
A vinda do negro para o Brasil trouxe muito mais do
que os brasileiros imaginam.
Nos navios, os negros, também trouxeram a sabedoria
africana para sobrevivência através da caça, do plantio, do conhecimento
das e ervas para o tratamento das doenças e
ainda na fabricação de ferramentas. Já em terras brasileiras as mulheres
foram trabalhar nas cozinhas das grandes fazendas, preparando os
alimentos para os nobres. Desde então as iguarias utilizadas pelos povos
africanos se misturaram com a culinária brasileira e os cheiros já aguçavam
os sentidos em nossa terra.
A culinária cultural africana estava ligada aos
rituais religiosos, para que não fossem descobertos, os negros escravos
tentavam esconder suas manifestações dentro das fazendas, com isso
acabaram relacionando seus deuses com os santos da religião católica, seguidas
pelos fazendeiros brasileiros.
Na África, segundo a tradição, os deuses do
candomblé tiveram origem nos ancestrais dos
clãs africanos. Seus adeptos acreditam que os homens e mulheres eram
capazes de manipular as forças da natureza. Nas senzalas ou barracões
aconteciam as confraternizações sociais e eram lá também onde a cultura
era ensinada aos os outros.
Na culinária africana os alimentos são feitos de
duas formas distintas, uma delas destinada ao culto dos orixás e outra ao
público visitante. Existem também as oferendas de bebidas, que podem ser
feitas sozinhas ou acompanhadas de alimento.
No preparo da comida do santo os rituais são
seguidos de forma minuciosa pelas chamadas labás, que são as mulheres
detentoras dos orixás, com suas vestimentas ritualísticas, suas contas no
pescoço, em panelas de barro, com colher de pau, onde até mesmo o modo
de misturar e abanar tem seus significados específicos. Após o preparo
elas jogam búzios com alubaça (cebola) para sabe se o orixá aceitou a
oferta, caso não tenha sido aceita, elas recomeçam todo o processo
ritualístico. A mesma comida também é feita para os visitantes, porém sem os
mesmos detalhes, mas com a mesma atenção.
Na umbanda também tem ritual para o preparo dos
alimentos dos orixás, porém com outra bebidas e feitas de modo diferente.
O destaque da religião é o costume das entidades
espirituais de reunir-se com os visitantes e filhos da casa, bebendo
vinho em confraternização de amizade. Para eles o ato de beber e reunir
pessoas amigas num mesmo círculo traz alegria e momentos de felicidade.
A tradição Africana trazida pelos negros para a
Bahia nos hábitos das baianas de colocar seus tabuleiros de acarajé
(tornou-se Patrimônio Nacional Histórico, é de Salvador-BA, que é
considerada capital da cozinha afro brasileiro), montados nas ruas para venda
dos seus quitutes.
Nos dias de sexta-feira é fácil observar a
homenagem a Oxalá, orixá deste dia, em seus tabuleiros apenas doces na
cor branca, entre eles cuscuz, tapioca, cocada, manjar de biju de coco e
bolinhos de tapioca. A Equedi (pessoa que auxilia os orixás) Maria Moura
explica:
“Todos os orixás têm suas preferências na culinária e para agradar
na oferta o alimento tem que ser preparado com o que ele gosta”.
Como exemplos de alimentos para orixás, destacamos:
Xangô, o orixá da justiça, gosta do Amalá (Carne de peito de boi), rabada
com quiabo. Oxalá, o orixá que simboliza a paz, gosta de cará (batata
grande ou inhame branco) e eco farinha de acaçá ou de milho branco.
Oxum, o orixá feminino dos rios e cachoeiras, gosta
de algumas frutas e quindim. Iansã, o orixá feminino dos ventos, gosta de
acarajé.
O negro africano colaborou para o desenvolvimento
populacional e econômico do Brasil
e tornou-se, pela mestiçagem, parte essencial de seu povo. Os africanos
distribuíram-se por todo o território brasileiro, em engenhos de açúcar,
fazendas de criação, arraiais de mineração, sítios extrativos, plantações
de algodão, fazendas de café e áreas urbanas. Sua alimentação cotidiana na
África por volta do século XVI incluía arroz, feijão (feijão fradinho), milho,
sorgo e cuscuz, carnes de caça abundante de antílopes, gazelas, búfalos,
aves, hipopótamos e elefantes. Os Africanos quando foram trazidos para o
Brasil, já possuíam uma ampla sabedoria na Culinária, alguns dos produtos
que podemos enfatizar como marcantes na influência da culinária
brasileira são: o Azeite de Dendê, a feijoada, produto da adequação do
negro no Brasil as condições atribuladas da escravidão, a utilização de
frutos do mar, como parte da alimentação.
A alimentação dos escravos nas propriedades ricas
compreendia canjica, feijão-preto, toucinho, carne-seca, laranjas,
bananas, farinha de mandioca e o que obtivesse com a pesca e caça. Já nas
propriedades pobres, era a farinha, laranja e banana. Os temperos empregados
na comida eram o açafrão, o óleo de dendê e o leite de coco. O cuscuz já
era conhecido na África antes da chegada
dos portugueses ao Brasil, com origem no norte da África, entre os berberes.
A banana foi legado africano no século XVI e
tornou-se essencial das plantações brasileiras, circundando as casas dos
povoados e as ocas das malocas indígenas, e decorando a paisagem com o
lento agitar de suas folhas. A banana foi a maior contribuição africana para
a alimentação do Brasil, em quantidade, distribuição e consumo. Da África
ainda vieram a manga, a jaca, o arroz, a cana de açúcar, o coqueiro e o
leite de coco.
O dendê – azeite de uma palmeira de origem africana
e de sua polpa se extrai o azeite que dá a cor, o sabor e o aroma a
tantas receitas.
Os negros trouxeram para o país a pimenta africana,
cujo nome localizava a origem,
Malagueta. A malagueta apenas adicionou o prestígio
das pimentas brasileiras, que também dominaram o continente africano.
Quanto às carnes, o único animal africano que continua colaborando no
cardápio brasileiro é a galinha-d’angola.
Outra grande contribuição da cultura africana são
os pratos como o vatapá, acarajé, caruru, mungunzá, sarapatel, baba de
moça, cocada, bala de coco e muitos outros exemplos. Mas uma receita se destaca pela popularidade que é a
feijoada. Trazida das senzalas, era feita das sobras de carnes que os
senhores de engenhos não consumiam.
Enquanto as partes mais nobres iam para a
mesa dos seus donos, aos escravos restavam as orelhas, pés e outras partes dos
porcos, que combinadas com feijão preto e cozidas em um grande caldeirão,
deram origem a um dos pratos mais saborosos e degustados da culinária
nacional. Podemos falar que a influência africana na culinária brasileira
atuou em duas frentes: no modo de preparar, temperar e combinar os alimentos
e nos ingredientes trazidos do continente africano, pelos colonizadores.
Eles preferiam assar os alimentos, assim como
os índios. Verduras eram um acompanhamento comum à mesa, assim como o
quiabo.
Pirão – Angu
Hoje em dia, os pratos e os temperos da cozinha
negra fazem parte da nossa alimentação.
São sabores no dia a dia e também nas festas
populares. Os caldos, extraídos dos alimentos assados, misturados com
farinha de mandioca (o pirão) ou com farinha de milho (o angu), são uma herança
dos africanos. Também vieram da África, tão importantes como coco e o café.
Feijoada
A feijoada começou a ser feita no Brasil, nas
senzalas a partir de 1549, com a chegada
dos primeiros escravizados da África.
Após o final da escravidão, o prato inventado pelos
negros teria conquistado todas as classes sociais, para chegar as mesas
de caríssimos restaurantes no século XXI.
“Mas de suja a prato glorioso,
já foi dito que a feijoada não era o prato em si, mas o festim, a
patuscada na qual comiam todo aquele feijão”. (AIMARD, Gustavo, em Le Brésil Nouveau).
“Acima de sermos negros, brancos, árabes, judeus, americanos, somos uma
única espécie. Quem almeja ver dias felizes, precisa aprender a amar a sua
espécie (...) Se você amar profundamente a espécie humana, estará contribuindo
para provocar a maior revolução social da história.”
Acarajé, vatapá e caruru
Ingredientes
Massa do acarajé:
·
3 cebolas grandes cebola
·
1/2kg de feijão fradinho (quebrado)
·
Sal a gosto
Massa do Vatapá:
·
300 g de castanha de caju torrada
·
300 g de amendoim torrado
·
300 g de camarão seco
·
10 pães de sal amanhecidos
·
10 colheres de sopa de azeite de dendê
·
1 tomate
·
1 cebola
·
Cheiro verde (cebolinha, coentro, salsa) a gosto
·
1 pimentão
·
1 caldo de camarão
·
200 ml de leite de coco
·
200 ml de leite
Massa do Caruru:
·
10 quiabos cortados em pedacinhos
·
300 g de castanha de caju torrada
·
300 g de amendoim torrado
·
300 g de camarão seco
·
200 g de farinha de mandioca
·
10 colheres de sopa de azeite de dendê
·
1 tomate
·
1 cebola
·
Cheiro verde (cebolinha, coentro, salsa) a gosto
·
1 pimentão
·
1 caldo de camarão
·
200ml de leite de coco
·
1 litro de água
·
Azeite de dendê e de oliva para fritar os acarajés
Modo de preparo:
Massa do acarajé:
1. Em uma vasilha coloque o feijão na água de um dia para o outro
2. As casquinhas irão separar do grão.
3. Retire os caroços e bata no liquidificador com a cebola picada e o sal.
4. Bata bastante e depois despeje em outra vasilha e continue mexendo bem,
batendo com o auxílio de uma colher de pau, isso fará o acarajé ficar fofinho.
5. Após bater bastante os frite em azeite de dendê e de oliva bem quentes
Vatapá:
1. Pique os pães e deixe amolecer no leite e no
leite coco.
2. Depois bata no liquidificador essa mistura e reserve.
3. Bata no liquidificador a castanha, amendoim, camarão, junte aos pães e
mexa
4. Bata todos os temperos, menos o azeite de dendê.
5. Junte tudo em uma panela, coloque o sal e o azeite e leve ao fogo,
mexendo até que solte do fundo da panela.
Caruru:
1. Coloque os quiabos para cozinhar na água e sal
2. Após amolecer junte a farinha feita no liquidificador com castanha,
camarão e amendoim e mexa, acrescente todos os temperos também batidos no
liquidificador, o azeite de dendê e leite de côco.
3. Deixe cozinhar bem, até que fique borbulhando.
Montagem:
1. Parta os acarajés ao meio e recheie com Vatapá e caruru.
2. De preferência deixe para fritar os acarajés na hora de servir.
3. Pode ainda colocar uma salada de tomates verdes e camarão fresco.
A Cozinha dos Quilombos de Campos dos
Goytacazes: Sabores, territórios e memórias.
A comida, o alimento é combustível de vida,
uma luta permanente pela sobrevivência.
(...) dividimos o pão, o alimento com
pessoas singulares em territórios que jamais sonhamos existir, percebendo
também nesse estado multifacetado, multicolorido de diversidade ainda se pode
conhecer a tristeza do passado na memória do presente.
O que sonham essas famílias além da
terra de direito?
Cidadania. Querem ser reconhecidos como
cidadãos, ter seus direitos fundamentais reconhecidos. O sonho da liberdade
ainda pulsa, uma liberdade sem paredes invisíveis, que dividem as camadas
sociais do país.(...)
(...) É necessário que a história não
morra, é necessário que os tambores ecoem os cantos vindos nos navios; é
necessário dançar, é necessário o cantar, é necessário o reconhecimento, o
pertencer, o tirar das amarras para que as vozes vindas da mãe África não se
calem.
No fogão, a lenha aquece a água, a
madeira trepida e a fumaça sobe levando consigo nosso olhar ate que desapareça
no ar. Que seja esta a brasa que queimará
eternamente o calor da busca pelo reconhecimento de nossa brasilidade.
Com os nossos pratos cheios de novas informações tentamos digerir todas as
historias contadas e nos fartar com tanta esperança na fora da pele, na luta
territorial, e, assim, declaramo-nos cidadãos brasileiros.
Marinez
Teododo Fernandes, presidente do Instituto Dagaz.
Trecho da
apresentação do Livro A Cozinha dos Quilombos: Sabores, territórios e memórias.
Preparações
clássicas dos Quilombos de Campos dos Goytacazes
Quilombo do Batatal
A gente tinha a comida vinda da lavoura...
Na cozinha do pólo da Fundação
Municipal Zumbi dos Palmares, destinado as comunidades do Imabé, Dona Berenice,
de 54 anos, mas conhecida como Bidi, preparou a receita do ensopado de carne de
porco com inhame e falou a respeito de suas experiências, como referencia
temporal de partida, Dona Bidi utilizou o período da constituição do
Assentamento Novo Horizonte: Ai, eu passei uma vida assim muito sacrificada.
Meu esposo foi operado de coluna, tudo o que fazia não dava, né? Mas, ai, eu
gostava de usar as coisas que eram mais fáceis para mim, Eu procurava pescar,
fazer um ensopadinho de banana, um peixinho frito, ensopadinho de inhame rosa
pra comer com aqueles peixinhos maiores [...] Minha comida era essa na época
que passei a crise. Na época que eu vim para a reforma agrária [Assentamento
Novo Horizonte], eu comia arroz de novo, que eu plantei com meu esposo, a gente
colheu...
Sobre
os ingredientes utilizados na receita do ensopado de carne de porco com inhame,
Dona Berenice explica:
- Bom, a historia que eu tenho
é a seguinte... É que na época, a minha mãe e meu pai gostavam muito da
lavoura, faziam muita lavoura, e ele tinha muita quantidade de inhame plantada,
né? Não tinha escolha, qualquer tipo de inhame plantada, né? Não tinha escolha,
qualquer tipo de inhame ele plantava na terra, como a gente fazia lavoura, não
era difícil criar um porco [...] Era tudo fácil, porque aquelas coisas que a
gente plantava serviam pra. Era tudo fácil, porque aquelas coisas que a gente
plantava serviam pra alimentar a gente e servia também pra tratar os porcos.
Ai, a gente tinha a comida vinda da lavoura e tinha a carne que era do porco.
Ai, era mas fácil para nós. Então, minha mãe gostava sempre de fazer
ensopadinho, ela [a carne de porco] fritinha, assadinha no forno de lenha, tudo
isso.
Ensopado de carne de Porco com Inhame
Ingredientes
2 kg de
costelinha fresca
2 cebolas
2 cabeças
de alho
2,5kg de
inhame
Alho a
gosto
Alfavaca a
gosto
Modo de
preparo
O lombo deve ficar de molho durante 15 minutes na água com vinagre.
Escorrer a água e cozinhar por 15 a 20 minutos na panela ate dourar, fritar na
cebola e nos alhos picados. Cozinhar o inhame na panela de pressão por 15
minutos, ou ate desmanchar, e adicionar a carne.
Quilombo Conceição do Imbé
Vem de geração em geração
A culinária
é uma arte que precisa ser realizada com jubilo! Essa dica infalível da mãe da
minha filha, Vanilda, com 57 anos, e Verônica, com 37 anos, expressam quando
constroem novos sentidos para alimentos que, no passado, eram consumidos pelas
pessoas da comunidade do Imbé.
Assim, de
uma época em que nem sempre a realidade era festiva, trazem a tona recordações
de algumas receitas, como, por exemplo, pelanca de velho, bolinho de farinha,
água e sal; cantão de banana. Sobre a primeiro prata, Verônica destaca: Meu
filho gosta tanto de pelanca de velho que ele escondeu debaixo do colchão.
Entretanto,
no tange ao quesito ressignificacao, a banana é a grande estrela. Tomando as
rédeas da narrativa em suas mãos, Verônica conta: A historia que eu lembro, que
o pessoal conta [...] que quando a usina faliu
e pessoal ficou desempregado, a banana era o prato principal. Banana
cozida de manha, porque ai fazia a paçoca. Pegava a banana, cozinhava, botava
farinha e açúcar, era o café da manha [...] na hora do almoço, era o cantão, e,
na janta, o cantão de novo, porque não tinha outra coisa.
Por
vezes, conforme Verônica fala risonhamente, conseguir a banana demandava
algumas peripécias: - No alto dessa serra, ali tem um lugar que tinha muita banana, só que
lá o acesso lá é terrível, a estrada é esburacada mesmo. Pra você ir lá, só a
cavalo. A minha tia foi, botou um de um lado e outro do outro e foi buscar banana, porque as crianças estavam
todas com fome, passando necessidade. Ela e uma outra tia minha. Só que as duas
não eram magrinhas eram fortezinhas. Foram no cavalo. O cavalo não estava
agüentando as duas mais, abria as pernas, tentava deitar, cansado, suado. E as
duas em cima do cavalo porque a altura é muito grande. Quando chegaram lá,
encheram o cesto de banana e desceram as duas do cavalo. Daí, o cavalo não
agüentou não, abriu as pernas e teve que deitar, porque não agüentou o peso.
Pior que o cavalo não era delas, era do campeiro, e era um cavalo de raça. E as
duas trepadas no cavalo, quase matando o cavalo. Elas desceram, ficaram batendo
no cavalo para ele levantar. Foi quando veio um rapaz e falou: Oh, vou dar uma
catucada, porque se não levantar agora, não levanta mais! Ai cutucou o cavalo,
que saiu da carreira e as duas saíram correndo atrás. Quase mataram o cavalo
por causa de pegar banana pra fazer a comida. [riso]. Gente, que coisa triste
isso ai, hein?... Ai, essa foi a historia das minhas tias.
Além
disso, essa receita passa de geração para geração, conforme explica Dona
Vanilda: - Vem de geração em geração. Só
que na época o pessoal comia por necessidade, hoje não. É um prato que todo
mundo gosta. É totalmente diferente, hoje ninguém usa mais por necessidade, é
porque gosta. Vê uma banana verde e faz o ensopado. Hoje, é totalmente
diferente.
Cantão
Ingredientes
1 kg de carne seca
2 dúzias de banana nanica ou banana figo verde
Cebola a gosto
Alho a gosto
Cheiro verde a gosto
Modo de preparo
Dessalgar a
carne seca fervendo-a cada fervura. Descascar a banana com faca, picar em cubos
pequenos e colocar de molho em água
fria. Picar e socar a cebola junto com o alho, refogar em três colheres de sopa
de óleo, deixar dourar e acrescentar a carne seca. Deixar cozinhar ate ficar
bem macia. Reservar em outro recipiente.
Na panela
que foi refogada e cozida a carne, cozinhar também a banana, cobrindo-a com o
caldo dessa carne ate que a banana se desmanche. Deixar ferver e engrossar.
Servir com
a carne e o arroz branco.
Referência:
A Cozinha dos Quilombos
Sabores, territórios e memórias, Instituto Dagaz. Grafica Ediouro, Rio de Janeiro:
2015.
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