Artigo: Os descaminhos do trabalho

Por Dircéa Gomes, professo do UNIFLU-Fafic

Há pelo menos duas décadas e meia, trabalhadores do Brasil e do mundo estão a se perguntar; o que está acontecendo com o trabalho? Intelectuais publicam livros, teses, artigos, congressos em toda parte tratam do mesmo tema. Algumas indagações se fazem necessárias: quais os caminhos possíveis ao trabalho neste mundo globalizado, volátil e “metamofótico” ? Como o poder público, o capital privado, as instituições educativas, as centrais sindicais, os sindicatos e os trabalhadores, sindicalizados ou não, vêem e tratam o tema e o problema? Problema sim vista a crise por que passa o imaginário social assentado ainda sobre valores e ética do trabalho típicas do fordismo/keynesianismo.
É inquestionável que a sociedade na qual a maioria dos indivíduos em idade ativa hoje nasceu, cresceu, se formou, se inseriu e/ou foi expulso no e do mundo do trabalho está em franco processo de desmonte, haja vista os impressionantes dados do desemprego em escala global. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 14 milhões de pessoas perderam o emprego em 2008 e estimativas apontam que até o final de 2009 mais de 220 milhões podem estar sem vínculo empregatício em todo o mundo. Acrescente-se a esse quadro o subemprego, a informalidade, e o desemprego já existente. É uma verdadeira catástrofe. Como sobreviver nessa “nova” sociedade? Que atitudes tomar? Que caminhos são possíveis de serem trilhados?
Muitos caminhos foram colocados como alternativas a esse momento. Destaco o conjunto de reformas propostas e implantadas ao longo da década de 1990: a reforma do Estado (privatizações e desregulamentações) e a reforma da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) reforçando o processo de precarização do trabalho através das terceirizações e da informalidade – num país onde a precarização não era exceção e sim regra. O alvo atingido e abatido foi o trabalho e o trabalhador.
A sobrevivência de cada um e de todos ao mesmo tempo tem sido vinculada a necessidade premente de qualificação e requalificação não só como postergamento da entrada de jovens no mercado de trabalho, mas também pelas exigências do trabalho imaterial.
Publicado no Jornal Folha da Manhã, Caderno Folha Dois, ano 33, edição nº286 de 27/10/2010,

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