Complexo do Açu já muda a vida no norte do Rio
Emprego deve crescer na região, mas impacto na segurança e no meio ambiente preocupa
Alberto Komatsu
Aos 68 anos, a pensionista Cecília Machado França jamais havia visto um movimento tão grande de caminhões na estrada onde mora. Nascida em São João da Barra, no litoral norte fluminense, ela ainda não se acostumou com o tráfego intenso diante da porta de sua casa, a cerca de dois quilômetros da entrada do que será o Complexo Portuário do Açu, investimento de US$ 2,5 bilhões que começa a ser erguido. São 160 caminhões por dia que trafegam carregados de argila para firmar o terreno de algumas áreas que abrigarão imóveis e máquinas.
"Já está dando para comprar uma carne um pouco melhor", diz Cecília, que tem dois filhos e três genros ex-lavradores trabalhando no porto. Ao lado de seu terceiro filho, Roberto, lavrador de 34 anos, ela diz que, no início, tinha receio das obras e medo de se mudar. "O pessoal (do porto) veio aqui e falou que a vida vai melhorar e que vai ter muito emprego."
O dono do empreendimento, o empresário Eike Batista, já negocia investimentos de pelo menos US$ 12 bilhões só para a instalação de uma siderúrgica. Uma montadora e uma termelétrica também deverão integrar o projeto, que já rende bons resultados para estabelecimentos comerciais locais e até uma cooperativa de costureiras. Moradores foram beneficiados com as melhorias da estrada de terra que leva ao porto, que antes tinha alagamentos.
Letícia Barreto Gomes, vendedora de uma loja de rações, diz que as vendas aumentaram 10% desde o início das obras. A Costurarte, cooperativa de costureiras, negocia com a LLX para produzir uniformes para os funcionários do projeto.
Para autoridades e acadêmicos, a enorme quantidade de trabalhadores que viverão temporariamente nas proximidades de São João da Barra preocupa. O receio é com segurança, prostituição e aumento do custo de vida.
A prefeita local, Carla Machado (PMDB), negocia com a LLX a construção de alojamentos com infra-estrutura para evitar a aproximação dos trabalhadores das pessoas que moram perto do porto. "A idéia é que eles venham a intervir na cidade da menor maneira possível."
O gerente de operação portuária da LLX, Romeu Rodrigues, estima que serão 1,5 mil trabalhadores no pico das obras. Atualmente, já trabalham cerca de 800 pessoas.
MEIO AMBIENTE
Entre especialistas de meio ambiente, porém, a preocupação é com o impacto na área de restinga, vegetação predominante no entorno do porto. "A termelétrica terá capacidade para 2 mil Megawatts (MW). É mais do que as usinas de Angra 1 e 2 juntas. Você não gera energia nessa quantidade impunemente", diz o professor de educação Ambiental do Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos dos Goytacazes (Cefet), Hélio Gomes Filho.
Segundo ele, o receio é o de haver uma mudança na temperatura da água do mar, que será utilizada para resfriar as máquinas da termelétrica.
O integrante da ONG Cidade 21, Roberto Moraes, diz que as pedras a serem usadas na construção virão de uma pedreira adquirida pela LLX em Campos, no morro de Itaoca. Ele receia o aumento de tráfego dos caminhões em Campos e região. A areia que será retirada do fundo do mar para o porto receber navios de grande porte também preocupa.
Romeu Rodrigues, gerente da LLX, diz que cerca de 30% da área total do porto, de 7,8 mil hectares, será de preservação ambiental. Para cada árvore extraída da restinga, serão replantadas cinco.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080504/not_imp166990,0.php
Alberto Komatsu
Aos 68 anos, a pensionista Cecília Machado França jamais havia visto um movimento tão grande de caminhões na estrada onde mora. Nascida em São João da Barra, no litoral norte fluminense, ela ainda não se acostumou com o tráfego intenso diante da porta de sua casa, a cerca de dois quilômetros da entrada do que será o Complexo Portuário do Açu, investimento de US$ 2,5 bilhões que começa a ser erguido. São 160 caminhões por dia que trafegam carregados de argila para firmar o terreno de algumas áreas que abrigarão imóveis e máquinas.
"Já está dando para comprar uma carne um pouco melhor", diz Cecília, que tem dois filhos e três genros ex-lavradores trabalhando no porto. Ao lado de seu terceiro filho, Roberto, lavrador de 34 anos, ela diz que, no início, tinha receio das obras e medo de se mudar. "O pessoal (do porto) veio aqui e falou que a vida vai melhorar e que vai ter muito emprego."
O dono do empreendimento, o empresário Eike Batista, já negocia investimentos de pelo menos US$ 12 bilhões só para a instalação de uma siderúrgica. Uma montadora e uma termelétrica também deverão integrar o projeto, que já rende bons resultados para estabelecimentos comerciais locais e até uma cooperativa de costureiras. Moradores foram beneficiados com as melhorias da estrada de terra que leva ao porto, que antes tinha alagamentos.
Letícia Barreto Gomes, vendedora de uma loja de rações, diz que as vendas aumentaram 10% desde o início das obras. A Costurarte, cooperativa de costureiras, negocia com a LLX para produzir uniformes para os funcionários do projeto.
Para autoridades e acadêmicos, a enorme quantidade de trabalhadores que viverão temporariamente nas proximidades de São João da Barra preocupa. O receio é com segurança, prostituição e aumento do custo de vida.
A prefeita local, Carla Machado (PMDB), negocia com a LLX a construção de alojamentos com infra-estrutura para evitar a aproximação dos trabalhadores das pessoas que moram perto do porto. "A idéia é que eles venham a intervir na cidade da menor maneira possível."
O gerente de operação portuária da LLX, Romeu Rodrigues, estima que serão 1,5 mil trabalhadores no pico das obras. Atualmente, já trabalham cerca de 800 pessoas.
MEIO AMBIENTE
Entre especialistas de meio ambiente, porém, a preocupação é com o impacto na área de restinga, vegetação predominante no entorno do porto. "A termelétrica terá capacidade para 2 mil Megawatts (MW). É mais do que as usinas de Angra 1 e 2 juntas. Você não gera energia nessa quantidade impunemente", diz o professor de educação Ambiental do Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos dos Goytacazes (Cefet), Hélio Gomes Filho.
Segundo ele, o receio é o de haver uma mudança na temperatura da água do mar, que será utilizada para resfriar as máquinas da termelétrica.
O integrante da ONG Cidade 21, Roberto Moraes, diz que as pedras a serem usadas na construção virão de uma pedreira adquirida pela LLX em Campos, no morro de Itaoca. Ele receia o aumento de tráfego dos caminhões em Campos e região. A areia que será retirada do fundo do mar para o porto receber navios de grande porte também preocupa.
Romeu Rodrigues, gerente da LLX, diz que cerca de 30% da área total do porto, de 7,8 mil hectares, será de preservação ambiental. Para cada árvore extraída da restinga, serão replantadas cinco.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080504/not_imp166990,0.php
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