Álcool surpreende e sobe - Donos de usinas de cana aumentam preços, enquanto governo tenta evitar repasses à gasolina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encarregou os ministérios de Minas e Energia e da Fazenda, além da cúpula da Petrobras, de encontrar uma solução para evitar que o aumento do óleo diesel e da gasolina trouxesse impacto sobre os índices de inflação, mas a surpresa nas bombas veio do álcool.
O combustível teve ontem aumento de R$ 0,05 a R$ 0,06, por conta do repasse que as distribuidoras fizeram aos postos de reajuste de 4,5% (hidratado) e de 3,5% (anidro) praticado pelas usinas de cana-de-açúcar do País.
Ontem foi também o início oficial da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, que abriu a temporada com aumento de 5,62% no preço do álcool hidratado (combustível) nas usinas paulistas.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada mostram que o litro do combustível usado pelos veículos a álcool ou flex foi negociado a R$ 0,7659, depois de ser vendido por um valor bem mais baixo na semana passada, de R$ 0,7251 o litro. O anidro registrou alta de 0,79%, subindo de R$ 0,7959 para R$ 0,8022.
A explicação do aumento — anunciado quando o governo previa uma safra recorde para o setor — foram as chuvas, que suspenderam o processamento da cana-de-açúcar. Segundo o presidente do Sindicato dos Postos do Rio (Sindcomb), Manoel Fonseca, as distribuidoras não elevaram os preços da gasolina ontem, dia em que o combustível teve aumento de 10% nas refinarias, amortecido pela redução da Cide (Contribuição da Intervenção no Domínio Econômico).
Os revendedores manterão os patamares atuais, embora não se saiba até quando, após aumento sobre o anidro (adicionado na mistura da gasolina comum). A pressão maior é para o hidratado, por conta do avanço dos carros flex (bicombustíveis) no mercado.“Nossos estoques são baixos e esse reajuste do etanol nas usinas será imediatamente repassado. O diesel está no nível previsto pelo governo, de 8,8%, em média. O combustível teve os preços aumentados hoje (ontem) entre R$ 0,12 e R$ 0,13”, explicou.
Em iniciativas isoladas, alguns postos praticaram aumento de até R$ 0,03 para a gasolina, aproveitando-se do anúncio do reajuste. Para o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, a concorrência vai se encarregar de conter altas do tipo.
O economiário João Marcos Abreu, 49 anos, criticou o reajuste surpresa do álcool. “O consumidor fica rendido. Usinas, refinarias, distribuidoras e postos usam o aumento como desculpa para repassar ao consumidor. São oportunistas”, reclama.

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