Opinião - Carla Flávia Rangel Barreto

Num mundo perfeito, o prefeito afastado, Alexandre Mocaiber, teria a hombridade ou o mínimo de vergonha, para se distanciar da vida pública e, quem sabe, esquecer que um dia foi prefeito. Num mundo perfeito, na verdade, prefeitos como os últimos que Campos teve, mereciam prisão por afanar o tesouro público com o único objetivo de enriquecer a custas do povo.

Num mundo perfeito, Mocaiber renunciaria ao mandato, convocaria a imprensa e diria o seguinte: “eu reconheço todos os meus erros, os mais bizarros e desumanos. Quero ser julgado por tudo que fiz, na Justiça e pela sociedade. Existe corrupção na Prefeitura de Campos sim, posso dizer como tudo funciona e também como secretários municipais e nossos vereadores utilizam ferramentas para serem beneficiados utilizando o dinheiro público”.

Num mundo perfeito, o presidente da Câmara Municipal de Campos diria o seguinte: “estamos indignados com toda essa corrupção descoberta na prefeitura e que, infelizmente, tem o aval do Chefe do Executivo e participação de alguns colegas vereadores movidos pela ganância. Portanto, diante do conceito de que somos instrumentos do povo, devemos instalar uma CPI, descobrir todos os podres e penalizar os envolvidos. Campos não poderia passar por tudo isso. Entretanto, pela ambição de alguns, cometemos erros graves, imorais, até certo ponto, criminosos. Deveríamos ter prestado mais atenção na condução política do nosso município, nos problemas administrativos e nas condutas de nossos homens públicos. Também deveríamos ter confiado menos no prefeito desta cidade e, finalmente, poderíamos ter feito o que fomos eleitos para fazer, ou seja, representar a população atuando em prol do bem comum, da felicidade do povo, porém fazendo-o com equilíbrio e temperança, sob um princípio de justiça, de tal sorte que o proveito de muitos ou de poucos não resulte em prejuízo de outros tantos, mas falhamos em nossa função, embora estejamos determinador a honrar nossos compromissos e punir os responsáveis pela corrupção desenfreada que se instalou em Campos”.

Num mundo perfeito, nosso prefeito afastado teria desenvolvido um enorme amor pelo povo e não se desfazer dele, como provado em escutas telefônicas. Ele daria valor a função para a qual foi eleito - pelo povo – e saberia então que governar significa gerar crises e saberia o que deveria fazer, isto é, colocar na rua (e depois na cadeia) os malandros, mensaleiros, corruptos, enfim, todo mundo que cometeu crimes graves nos anos de governo. No entanto, neste mundo em que vivemos, até mesmo este prefeito, hoje, faria companhia aos demais ladrões na prisão.

Num mundo perfeito, não existiria o foro privilegiado – meio de favorecer a impunidade -, que hoje protege Mocaiber. Políticos ladrões seriam tratados como ladrões de galinha, algemados, presos e julgados, porque, como diz o Direito: “a Justiça foi feita para todos”. Na verdade, aqui no nosso mesquinho mundo, o ladrão de galinha que rouba para comer, morre sem nem um caixão merecer, mas o ladrão engravatado tem direito até a auxílio paletó, R$ 23 mil de auxílio gabinete, tem direito à hospedagem grátis e também aos melhores restaurantes. Enquanto o ladrão engravatado, aquele mesmo do Senado, tem direito a R$ 80 mil por mês, o ladrão de galinha não tem direito a 80 centavos por dia, para comprar o pão francês.
* Jornalista e Publicitária

Comentários

Anônimo disse…
Oi amigo,amanhâ dia 11 de abril, não se esqueça dessa data, aguarde...só por hoje.

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